A verdadeira origem do fascismo
O adjetivo “fascista” já existia antes mesmo do substantivo “fascismo”. Mas quem eram os facistas antes do fascismo e de Benito Mussolini? Este artigo esclarecerá a origem esquerdista e revolucionária do fascismo italiano.
Hoje em dia a palavra “fascismo” é automaticamente associada às figuras de Benito Mussolini, Adolf Hitler, Francisco Franco, Antonio Salazar e outras personalidades de regimes que surgiram no período entreguerras no começo do século XX, significando a ideia de uma “terceira via” política entre o antigo liberalismo e o marxismo revolucionário, mas a verdadeira origem do moderno termo político fascismo é praticamente esquecida e esse artigo pretende relembrá-la.
O termo fascismo advém da figura do fascio — no plural fasci –, que consiste em um feixe de varas de madeira amarradas com tiras de couro, geralmente em volta de um machado, carregado pelos littori, cidadãos romanos que caminhavam na frente do rex e o protegiam com os fasci. Essa tradição é muito antiga e remonta às míticas origens de Roma e por isso não se sabe realmente quem a instituiu, alguns dizendo que foi Rômulo, o lendário fundador da cidade, outros mais céticos apontando que provavelmente fora algum dos reis do período monárquico, mas de qualquer forma se sabe que a tradição perdurou durante a República e o Império. O que se almejava ao armar os littori com fasci era originalmente, além da proteção do rex e, mais tarde, do magistrado, também representar o poder de vida e morte sobre o condenado, simbolizando mais amplamente o poder da jurisdição do Estado romano.
Mais tarde, no período tardio do Império, tornou-se um símbolo de poder e maior autoridade, o imperium, e assumiu a forma típica de um feixe cilíndrico de varas de bétula branca simbolizando o poder de punir, amarradas por fitas de couro vermelho, símbolos de soberania e união, à qual às vezes era fixado um machado de bronze. É fácil perceber por que o fascio acabou por se tornar um símbolo permanente em quase um milênio de poderio e influência romana: sua estética é chamativa e intuitiva, possibilitando uma ampla simbolização dos poderes que o utilizam, seja para realçar um argumento de poderio coletivo seja para impactar o cidadão com a imagem de um machado capaz de puni-lo.
Mesmo com sua ampla disseminação na era clássica romana, o fascio caiu em um relativo esquecimento após a queda do Império Romano durante a Idade Média, reaparecendo apenas após o Renascimento na esteira da redescoberta do mundo clássico greco-romano pelos modernos humanistas, tornando-se, novamente, um símbolo muito utilizado no resto do mundo em brasões, bandeiras e selos para representar autoridade. Sua estética mais uma vez foi posta à serviço dos novos movimentos políticos, e dois exemplos ilustram isso. Após a Revolução Americana, o fascio pode ser encontrado dentro do Senado Federal, gravado acima da porta do Salão Oval do Presidente e até mesmo nos braços da cadeira de mármore no Lincoln Memorial, e é clara a associação que os revolucionários americanos intencionaram fazer ao imprimir a sua nova República com um dos símbolos máximos da antiga República Romana, mas ainda mais contundente foi a utilização do fascio pelos franceses.
Inicialmente usados apenas em obras que retratam a Roma antiga (tanto republicana quanto imperial), o fascio assumiu um papel cada vez mais importante durante a Revolução Francesa. A partir da Primeira República, o fascio, às vezes encimado pelo revolucionário barrete frígio, eram ao mesmo tempo uma homenagem à República Romana e um símbolo de democracia e ordem social. Durante as revoluções de 1848, e novamente durante a Terceira República, aparece no selo republicano, contestado pela deusa da Liberdade. O fascio, oficialmente reconhecido pela atual constituição francesa como símbolo da “unidade e indivisibilidade da República”, também aparece no atual brasão da República Francesa junto com as iniciais “RF”, circundadas por folhas de oliveira (símbolo da paz) e carvalho (símbolo da justiça).
Muitos historiadores e disseminadores de conteúdo na internet amplamente mencionam esses fatos históricos para, logo em seguida, pular diretamente para a figura de Benito Mussolini na esteira de Primeira Guerra Mundial e concluir que o futuro Duce se utilizou do fascio para nomear seu recém-formado movimento político de fascismo devido a uma suposta óbvia afinidade simbológica: o fascio, um clássico símbolo latino e romano que representa a força da coletividade, foi facilmente utilizado por Mussolini para simbolizar a força coletiva dos camisas negras e, posteriormente, do Estado fascista. Contudo, a história tende a ser mais complexa do que as narrativas populares e ver-se-á que o fascismo que nós conhecemos atualmente, o movimento político ideológico inaugurado por Benito Mussolini, teve uma origem inusitada e completamente desconhecida por nós brasileiros do século XXI: o sindicalismo revolucionário.
A Revolução Industrial trouxe um rápido crescimento econômico e demográfico no Norte da Itália, principalmente em centros como Milão e Turim, o que provocou um igual inchaço da classe trabalhadora para preencher a demanda de mão de obra dos novos empreendimentos capitalistas. Para se ter uma ideia, em 1861 o número de empregados nas fábricas era em torno de 188,000 pessoas, já em 1903 o número chegou a 1,275,000, e no decorrer da década quase dobrou, chegando em 2,304,000 proletários industriais. Sem dúvida é um crescimento espantoso, e igualmente importante foi o impacto político que esse novo contingente de proletários trouxe para o balanço geral do sistema político. O mesmo período viu, o que não é impressionante, o crescimento da popularidade do Partido Socialista Italiano (PSI) e de dos sindicatos trabalhistas por toda a península.1
É nesse contexto de rápida industrialização na virada do século XIX para o XX que se pode encontrar as verdadeiras origens do fascismo, e é preciso esclarecer alguns aspectos do movimento sindicalista italiano durante esse período. Embora nascido dentro do PSI, o movimento sindicalista foi adquirindo vida própria e amiúde tanto seus objetivos práticos quanto princípios teóricos tornavam-se autônomos e independentes da desejada ortodoxia socialista que se desenvolvia dentro do PSI. Isso possibilitou o nascimento de um ambiente que incentivava a criatividade e a autonomia teórica acerca da luta revolucionária sindicalista, e o fascio começou a aparecer dentro dessas novas teorizações e experiências sindicalistas:
De fato, o fascio estava começando uma segunda vida, ligada às lutas político-sindicais do século XIX. Nessa fase, ele assumiu o significado de união de forças. Entre os primeiros a usar o nome estavam, entre 1870 e 1880, o Fasci Operai dell’Emilia, dirigido em Bolonha por Andrea Costa. Em 1883 nasceu o Fascio della Democrazia, formado por mais de trezentas associações que se propuseram a coordenar a propaganda democrática de fundo secular e irredentista. Na década seguinte, o movimento de camponeses pobres que Francesco Crispi reprimiu vigorosamente em 1894 passou a usar o termo Fasci siciliani.2
Nesse sentido, o historiador Emilio Gentile confirma essa interpretação dos fatos históricos quando, numa entrevista concedida em 2019, disse o seguinte:
Na linguagem política italiana, o termo “fascio” foi frequentemente usado no século XIX como sinônimo de associação na esquerda republicana e popular. Havia os Fasci Operai no norte da Itália e os Fasci dei Lavoratori na Sicília no final do século XIX, e parece que o adjetivo “fascista” foi usado pela primeira vez em referência a estes últimos e sua agitação em 1893.3
Nota-se que a clássica simbologia do poder da coletividade e da força que assegura a aplicação da justiça foi lentamente se transformando na luta da coletividade da classe trabalhadora exercendo a justiça social contra a exploração perpetrada pela classe burguesa e capitalista. E aqui pode-se esclarecer uma curiosidade histórica acerca da evolução e aplicação dos derivados do termo fascio: “o adjetivo ‘fascista’ não é derivado do substantivo ‘fascismo’, mas o precedeu, originando-se do substantivo “fascio”.4 Isso indica que já existiam indivíduos e grupos intitulados fascistas antes que o sufixo “ismo” fosse atribuído ao termo na confecção de uma nova ideologia política, e esses primeiros fascistas foram teóricos sindicalistas revolucionários buscando uma modo de avançar a revolução proletária em concorrência com o PSI no seio da Revolução Industrial italiana.
Ainda, nem mesmo se pode dizer que tais inovações terminológicas e simbólicas por parte dos sindicalistas com o termo fascio foram poucas e sem influência alguma no cenário político italiano, porque, no decorrer das décadas que antecederam o advento do movimento fascista de Mussolini, o sindicalismo italiano como um todo, em todas as suas ramificações por várias cidades italianas, foi se tornando automaticamente associado com as variações do termo fascio, como a adjetivação “fascista”. Ilustra-se isso com o fato que muitas cidades italianas no Norte mantinham seus vários sindicatos conectados uns aos outros em corporações intituladas de fasci, e os fascistas eram justamente os intelectuais e os trabalhadores que utilizavam esse sistema para avançar seus objetivos de luta revolucionária contra o establishment liberal e burguês.
Pode-se dar alguns exemplos: quando jovem, Sergio Panunzio, um dos maiores teóricos do Estado fascista, havia se tornado o líder do sindicalismo da cidade de Ferrara, passando a se responsabilizar pela manutenção dos fasci de sindicatos dos quais os trabalhadores da região dependiam para manter a qualidade de vida e a luta revolucionária.5 Outro sindicalista que se tornou um importante teórico do Estado fascista, Angelo Olivetti, que até então havia se destacado como influente jornalista no seu Pagine Libere, também demonstrou disposição para a liderança quando, em 1910, fundou seu próprio movimento sindicalista, o Fascio rivoluzionario d’azione internazionalista, cujo objetivo era unificar todas as correntes revolucionárias socialistas, republicanas e sindicalistas numa fronte única para defender os interesses da classe proletária italiana frente às constantes ameaças de guerras imperialistas por parte das “nações plutocráticas”.6 Ainda antes da Primeira Guerra Mundial, a simbologia do fascio foi estendida em chave nacionalista pela Unione Sindacale Milanese, em um famoso discurso do teórico sindicalista Alceste de Ambris. Em poucas semanas, os sindicatos da maior parte da região do vale do Pó, liderados pelo irmão de Alceste, Amilcare De Ambris, fundaram em 5 de outubro de 1914, juntamente com Filippo Corridoni, outro expoente do sindicalismo, o Fasci d’azione internazionalista, composto por membros da esquerda radical como republicanos intransigentes e outros sindicalistas revolucionários.7
Todos esses fatos ilustram que o fascio havia adquirido durante o século XIX uma nova significação e uma própria adjetivação para aqueles indivíduos que se identificavam com o movimento sindicalista revolucionário e a luta pelos direitos dos trabalhadores: os fascistas. E o mais interessante é que tudo isso ocorria enquanto Benito Mussolini ainda se desenvolvia como militante socialista dentro do PSI, mas pode-se com segurança apontar o momento que o jovem socialista Mussolini começou seu longo desenvolvimento para se tornar um fascista: sua viagem à Suíça em 1903. Essa experiência é importantíssima porque é no seu ínterim no país helvético que Mussolini fez amizade com alguns influentes sindicalistas italianos que estavam exilados:
Durante sua estada na Suíça, Mussolini estabeleceu contatos de trabalho com os sindicalistas revolucionários liderados por Arturo Labriola. No mesmo período, Sergio Panunzio, três anos mais novo que Mussolini e ainda estudante, ingressou no jornal L’Avanguardia Socialista de Labriola, com a qual Mussolini colaborou assiduamente. No Congresso Socialista em Zurique em março de 1903, Mussolini conheceu Angelo Oliviero Olivetti, que logo se juntou aos sindicalistas. Labriola, Panunzio e Olivetti exerceram uma influência considerável sobre Mussolini: Panunzio e Olivetti foram posteriormente contados entre os mais importantes doutrinários do fascismo.8
O eminente historiador e máximo biógrafo de Benito Mussolini, Renzo de Felice, reitera a importância que esses laços de militância com os sindicalistas tiveram no amadurecimento intelectual do jovem revolucionário:
Finalmente, também não devemos esquecer a influência que as posições de “Pagine Libere” e sobretudo de [Angelo] Olivetti continuaram a ter sobre Mussolini — apesar de sua condenação do movimento sindicalista. Assim, podemos afirmar, sem medo de errar, que, ao mesmo tempo em que condenava a involução que o sindicalismo revolucionário havia sofrido como movimento organizado, Mussolini manteve-se de fato fiel à sua adesão primitiva ao sindicalismo teórico, tornando-se o primeiro suporte ideológico de toda sua visão de mundo; uma concepção em que se fundiam e confundiam alguns motivos ideais e práticos mais vívidos que então agitavam o socialismo italiano, amalgamados por uma carga altamente pessoal.9
Essa idiossincrática influência sindicalista permaneceu no espírito de Mussolini enquanto ele galgava os degraus do poder dentro do PSI, finalmente tornando-se o líder máximo do partido após o Congresso de Reggio Emilia de 1912, ao mesmo tempo que passou a dirigir a linha editorial do principal jornal socialista italiano, o !Avanti. Deve-se notar que, embora Mussolini tenha se tornado o líder do socialismo italiano, seus colegas sindicalistas continuavam avançando suas próprias teorias revolucionárias contra o establishment liberal, e aqui deve-se especificar a visão social do sindicalismo revolucionário.
Essencialmente, os sindicalistas, até mais ou menos antes da Primeira Guerra Mundial, eram movidos por uma visão anárquica de sociedade na qual o Estado burguês, visto como uma máquina opressora de uma classe sobre a outra, desapareceria uma vez que a classe proletária tenha impingido um dano fatal através do expediente da greve geral. Desaparecido o Estado e a classe dominante, o que restaria seria uma tão sonhada, mas raramente descrita com coerência, sociedade anárquica formada por grupos e corporações de sindicatos coligados entre si: “A nova ordem social seria uma rede de sindicatos” que, por serem “vigorosas organizações econômicas autossuficientes”, tornaria a “sociedade gradualmente capaz de governar a si mesma, sem o corrupto Estado parlamentar e a sufocante burocracia centralizada”. Essa nova ordem social sindical autossuficiente faria com que a “esfera política convencional desapareceria completamente, substituída por uma democracia direta de produtores”, na qual a “participação ‘política’ seria mais constante e imediata do que sob o sistema de sufrágio liberal”.10
Claramente, é uma visão utópica e o fato de que os sindicalistas raramente se debruçavam sobre os pormenores do funcionamento dessa futura sociedade sindical revela que eles também não tinham certeza de como ela funcionaria; para os sindicalistas, bastava apenas se concentrar na luta mais eminente contra o Estado burguês e o individualismo liberal para que depois, em algum momento futuro e de alguma maneira, a sociedade anárquica gradualmente se desenvolvesse com base nas corporações de sindicatos. Essa visão permeava todo o movimento sindicalista e era um dos motivos pelo qual o fascio passou a ser usado como simbologia para a luta sindicalista: as corporações de sindicatos funcionam como o sistema unificador da força da classe trabalhadora, canalizando suas energias coletivas para a derradeira luta contra o Estado burguês num poderoso e coordenado ataque através da greve geral. Assim como o fascio é uma coletividade de gravetos unificados para possibilitar a força da machadinha no seu centro, os sindicatos unificam e fortificam a coletividade dos trabalhadores.
Essa imagem manteve-se presente em Benito Mussolini quando, após a eclosão da Primeira Guerra Mundial, ele foi expulso do PSI por defender a entrada da Itália na guerra. Voltando ferido do front, Mussolini se dedicou a criar novos grupos de ação política para concretizar seus novos ideais de revolução nacional, e a inspiração sindicalista fica nítida desde o início:
Mussolini voltou a falar do movimento fascista após o fim da guerra, quando, para retomar um papel político ativo, lançou a ideia de formar o Fasci della Constituente. Frustrada esta iniciativa, no início de março anunciou uma reunião de intervencionistas e veteranos para definir um programa de ação imediata com o objetivo de direcionar a revolução italiana, iniciada com a entrada na guerra em maio de 1915, “no rumo da democracia política e rumo à democracia econômica”, como escreveu no “Il Popolo d’Italia” de 18 de março de 1919.11
Por “democracia política” e “democracia econômica”, Mussolini estava se referindo àquela visão sindicalista de uma sociedade nos quais os produtores deteriam o completo controle político e econômico dos meios de produção e da representação política, e, naturalmente, o emprego do termo fasci foi embutido porque já era uma prática corriqueira entre os revolucionários com alguma influência sindicalista. Na esteira dessas experimentações políticas, Mussolini, em 22 de maio de 1919, pela primeira vez “passa de um adjetivo à um substantivo falando da ‘tarefa do fascismo, que está se tornando a alma e a consciência da nova democracia nacional’”, tornando claro que o infame substantivo ideológico e político “fascismo” surge de uma inspiração sindicalista. A partir daí, o então clássico adjetivo fascista de uso corrente entre os sindicalistas começou a ser associado, tanto na Itália quanto internacionalmente, com Mussolini e seu crescente movimento político: “Então, com o nascimento do Fasci Combatente, delineou-se um programa político que qualificou como ‘fascista’ um movimento orientado para a realização da democracia política e da democracia econômica”.12
Naturalmente, embora Mussolini tenha conjurado esse novo substantivo para seu movimento e se apropriado da simbologia do fascio dos movimentos sindicalistas italianos, o seu fascismo não se manteve estático e foi sofrendo mutações conforme as circunstâncias da luta política foram mudando, de modo que o elemento sindicalista se tornou apenas um entre algumas correntes intelectuais e políticas que se apinharam no crescente movimento dos camisas negras. Mas é errado afirmar que, por causa dessas mutações, Mussolini e o fascismo perderam quaisquer relações com a influência sindicalista originária, porque, conforme o regime foi se assentando no poder após a crise do assassinato do político Giacomo Matteotti, a necessidade de se formular e consolidar uma própria ideologia fascista ressuscitou as raízes sindicalistas: “Nacionalismo, nacional-sindicalismo e o neohegelianismo de Gentile começaram a se unir para produzir a ideologia do fascismo de Mussolini”.13 O nacional-sindicalismo que o fascismo se utilizou para concretizar sua ideologia tornou-se um dos pilares fundamentais do sistema corporativo que o regime tentou construir nas suas duas décadas no poder, e nesse sentido a corporação de sindicatos, que antes se desenhava como uma estrutura autônoma e anárquica, foi acoplada ao Estado como instrumento de controle entre o capital e o trabalho para atingir a justiça social entre todas as classes da nação.
Já por volta de 1940, nos anos finais do regime durante a Segunda Guerra Mundial, o próprio envelhecido Mussolini confirmou a imprescindível influência sindicalista para a construção do fascismo quando escreveu o seguinte para a entrada “fascismo” do monumental Dizionario di politica do Partido Nacional Fascista:
Reformismo, revolucionismo, centrismo, e até os ecos desta terminologia se extinguem, enquanto que no grande rio do Fascismo encontrareis os fios que partiram de [Georges] Sorel, [Charles] Péguy, [Hubert] Lagardelle do Mouvement Socialiste e do grupo de sindicalistas italianos, que entre 1904 e 1914 introduziram uma nota de novidade no meio socialista italiano com publicações como o “Pagine Libere” de Olivetti, “La Lupa” de Paolo Orano, e “Il Divenire Sociale” de Enrico Leone.14
Espera-se que esse artigo ajude a, de uma vez por todas, esclarecer a verdadeira origem do moderno substantivo político “fascismo” cunhado por Mussolini na esteira de sua expulsão do PSI: não se originou de uma mera inspiração na clássica estética romana do fascio carregado pelos littori simbolizando o poder do magistrado e do Estado romano, mas sim do fascio ressignificado dentro de uma tradição revolucionária sindicalista que tem suas origens já no final do século XIX, quando Mussolini nem havia sequer começado sua carreira como militante socialista.
Frank J. Coppa. Planning, protectionism and politics in liberal Italy: Economics and politics in the giollitian age. Washington D.C. The catholic university press, 1971, p. 25.
https://web.archive.org/web/20110709124851/http://www.pbmstoria.it/giornali2296 acesso em: 02/07/2023.
Emilio Gentile. Chi è fascista? Bari, Editore Laterza, 2019, p. 24.
Ibid, p. 23–24.
David D. Roberts. The syndicalist tradition and Italian fascism. The University of North Carolina Press, 1979, p. 114.
Ibid, p. 107.
Zeev Sternhell, Mario Sznajder e Maia Asheri, The Birth of Fascist Ideology, From Cultural Rebellion to Political Revolution. Princeton, Princeton University Press, 1994, p. 140 e 214.
A. James Gregor. L’Ideologia del Fascismo. Il fondamento razionale del totalitarismo. Roma, Lulu, 2013, p. 123.
Renzo de Felice. Mussolini il rivoluzionario, 1883–1920. Torino, Einaudi, 1965, p. 88.
David D. Roberts. The syndicalist tradition and Italian fascism. The University of North Carolina Press, 1979, p. 71.
Emilio Gentile. Chi è fascista? Bari, Editore Laterza, 2019, p. 24–25.
Ibid, p. 25.
A. James Gregor. Mussolini Intellectuals. Fascist social and political thought. Princeton University Press, 2005, p. 83–84.
Benito Mussolini. “Fascismo” em Dizionario di Politica, a cura del Partito Nazionale Fascista. Antologia, Volume Unico. Roma, Lulu, 2014, p. 227.
Perfeito!!! Nos dias atuais, “Fascista” , é quem discorda de opiniões…puseram o adjetivo como moda, e não como ponto histórico vindo de um regime totalitário…